Poema

Eu com (minha) Utopia
Mudar o mundo em direção ao bem.
Mudar o mundo homeopaticamente.
Mudar o mundo, mesmo que, para alguns, seja desdém.

Um mínimo de dignidade a quem não tem nem nunca teve uma identidade.
Não sabe, ao certo, sua idade, mas precise, amanhã, quem sabe,
Registrar o dia e a hora de sua morte.

E me apareceu, usando roupas rotas, com um olhar de espanto
Sem saber se poderia infiltrar-se no recinto sem calças, afinal não as tinha
Somente queria a identidade.

E cerca de três meses à espera se esvaíram. Espera na desesperança.
Somente queria a identidade.
Burocratas sem altruísmos. Querem apenas cumprir a forma pela forma e não pelo fim!
Não sentem a dor daquele que, por toda a vida, foi esquecido e viveu marginalizado.

Mas, de soslaio, deparo-me, novamente, com aquele olhar exalando suspense
E, desta vez, trazia-me um papel que recebeu em casa (ao menos, tem casa!)
Agora receberia um papel verde água, cheirando à cédula monetária recém-fabricada
A que, raramente, pode ter acesso.

Junto com ela: a identidade, a dignidade que vigorariam por poucos dias
De todos os setenta e dois anos de vida, agora desvendados, após os três meses de espera.

Jamais me esquecerei daquela serenidade e o sorriso sincero saindo de um ser tão pequeno
Todavia, tão grandioso que me paroquiou de todas as agruras e amarguras da vida
Ao receber uma simples… identidade.

Poema

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